O Século 21 é das Mulheres

A evolução da espécie humana ofereceu caminhos diferentes para homens e mulheres. Embora convivam desde a sua origem, estas partes apresentam características que as distinguem de forma contundente, especialmente quando são observadas questões comportamentais.

Percorrendo a história de forma veloz e singela, fica nítido o aperfeiçoamento da mulher em termos relacionais. Afinal de contas, ela ficava com a prole enquanto o homem saía em busca de alimentos, por vezes durante longos períodos sem contato com outros seres da mesma espécie.

Inúmeras gerações se passaram e ainda no século 21 a mulher se mostra mais preparada para entender, e acolher, gente. Sem generalizar, pois definitivamente toda generalização é burra, um olhar mais atento ao redor demonstra o estágio mais avançado de desenvolvimento das habilidades emocionais delas. Em casa, no trabalho ou na sociedade em geral, as mulheres se mostram mais prontas para exercer três competências essenciais para este período da história: resiliência, bom humor e solidariedade.

Capacidade de Superação

Resiliência é um termo primeiramente utilizado pela física que significa a capacidade de um material voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido uma pressão. As ciências humanas utilizam este termo para qualificar a capacidade de um indivíduo em possuir uma conduta sã num ambiente insano, ou seja, a capacidade do indivíduo de sobrepor-se e construir-se positivamente frente às adversidades.

Ao longo da história, as mulheres vêm demonstrando a sua capacidade de superação, colecionando desafios vencidos. Exemplo óbvio são as épocas de guerras, que infelizmente permearam quase toda a história humana. Nestas oportunidades, legiões de homens foram e não voltaram, deixando a elas a tarefa de erguer a geração seguinte. Ponto para as mulheres.

Sorrisos e Risadas Criam Vínculos

Robert Provine descobriu que a probabilidade de o riso acontecer em situações sociais é 30 vezes maior do que quando a pessoa está sozinha. Ele descobriu também que o riso tem menos a ver com anedotas do que com a construção de relacionamentos: somente 15% do nosso riso resulta de piadas.

Embora entre os voluntários não houvesse diferenças significativas de avaliação quanto à graça dos videoclipes apresentados na pesquisa, os que os assistiram sozinhos riram menos do que os que os assistiram ao lado de outra pessoa, fosse um amigo ou um estranho. A ocorrência do riso, assim como sua freqüência e duração, era muito maior em situações de interação social.

Quase indispensável apresentar os benefícios do bom humor, bastando ressaltar o seu poder de gerar saúde física (produção ampliada de neurotransmissores, que geram bem estar e reforçam o sistema imunológico) e emocional (enriquecendo as relações sociais).

A pesquisa citada reforça indiretamente a maior capacidade de geração de bom humor que a mulher tem, pelo simples fato de ser mais gregária, ou seja, investir e usufruir mais do que foi chamado de interação social. Em tempos de estresse e depressão crescentes, quem encontra motivos para rir (mais facilmente encontrados em grupo) leva vantagem em termos de qualidade de vida. Mais um ponto para elas.

O Poder da Comoção

O verbo comover é visto regularmente de forma distorcida. O seu sentido mais potente é o de mover-se junto (co-mover). E esta postura de vida é alimentada pela capacidade de se colocar no lugar do outro e se solidarizar.

O voluntariado é a expressão prática da solidariedade, atividade que desde 1532 (primeiro registro na Santa Casa de Misericórdia de Santos/SP) vem cumprindo papel fundamental para a redução das injustiças no Brasil. Se o país já é injusto com o exercício do voluntariado, fique à vontade para pensar em um caos ainda maior se ele não existisse.

Na prática voluntária, adivinhem quem é o personagem protagonista! Sim, a mulher. Raro é o programa social que não tem em sua liderança (de fato ou de direito) uma mulher.

Um exemplo é o caso dos Doutores Cidadãos, voluntários que desde 1999 utilizam a figura do palhaço para levar alegria e cidadania a mais de 40 hospitais na Grande São Paulo. Neste grupo, 74,5% dos quase mil voluntários já treinados são mulheres. Fato adicional: muitos homens chegaram ao grupo em função de alguma conhecida já estar atuando. Ponto para quem?

Vitória de Goleada

O objetivo não é aguçar os atritos já existentes entre homens e mulheres, a já promovida “guerra dos sexos”. Pelo contrário. Cabe ao homem inteligente, empresa inteligente e sociedade inteligente perceber que a mulher desenvolveu a sua caixa de emoções mais do que o homem, que possui via de regra uma caixa de ferramentas mais reforçada. O segredo é compartilhar, crescendo juntos, com respeito às características e potencialidades de cada gênero.

Em um mundo carente de relacionamentos saudáveis, as habilidades de lidar com situações adversas e levantar a cabeça, construir bom humor em si e nos outros e participar de ações sociais transformadoras transformam a mulher em candidata natural à liderança deste século definitivo para os seres humanos em termos de sobrevivência.