O Que o Seu “Eu” do Futuro Diria para O Seu “Eu” do Presente?

Você certamente já ouviu frases como “não tenho tempo para mais nada”, “meu dia tinha que ter mais de 24 horas” ou, então, “esse ano passou muito rápido”. Esses tipos de comentários são cada vez mais freqüentes, tanto em relação a assuntos pessoais quanto profissionais. Mas por que de repente sentimos a sensação de que o tempo está voando e não conseguimos alcançar nossos objetivos ao final de um determinado período de tempo, seja ele um ano, um mês, uma semana ou até mesmo um único dia?

Com a intensificação do uso da tecnologia, a passagem do tempo adquire uma nova percepção. Uma informação torna-se ultrapassada em questão de segundos; um celular recém lançado, depois de poucos meses, já é superado por um modelo mais moderno e sofisticado. Recebemos inúmeros estímulos a todo o momento e, quando nos damos conta, estamos fazendo mais de três coisas ao mesmo tempo. Desse modo, temos a impressão de que os dias estão mais curtos e de que o tempo é o vilão dos nossos dias de trabalho. No entanto, é a dificuldade em dizer “não” que impede as pessoas de alcançarem a auto-realização. O grande desafio do ser humano nos dias atuais é aprender a investir seu tempo no que é realmente importante e que esteja alinhado com uma visão de futuro.

Recebo muitos e-mails de profissionais buscando conselhos de como conquistar melhores salários e cargos de destaque. A maioria deles, principalmente os jovens, tem muita pressa. Porém, muitos se frustram porque não estão dispostos a abrir mão de algumas coisas para conseguirem outras e, assim, desistem rapidamente. Muitos escolhem outras opções na ilusão de que os resultados alcançados serão mais rápidos.

E você? Até que ponto está disposto a abrir mão de quem é hoje, do que tem e do que faz para viver a sua visão de futuro?

Eu sei que o sonho de muita gente é de que o dia tivesse mais de 24 horas, mas isso nunca acontecerá. Os gregos antigos utilizavam duas palavras para denominar o tempo: chronos e kairós. Chronos é o tempo que pode ser medido no relógio e Kairós é a qualidade do tempo. Portanto, sugiro que caminhe na direção contrária do fazer muito, trabalhar bastante, mas sem um propósito definido. Nunca a quantidade significou qualidade.

Ter foco significa gerenciar distrações. O brasileiro tem a tendência de ser imediatista e, muitas vezes, deixa de lado uma oportunidade futura, agindo apenas com o foco no curto prazo. Buscar resultados no momento presente e viver plenamente em vez de apenas sobreviver é importante, afinal de contas não sabemos o dia de amanhã. Mas, o contrário é verdadeiro, se não cuidarmos do hoje com o foco no amanhã podemos nos frustrar. Vale à pena relembrar a expressão budista “Caminho do Meio”, que procura de um modo sucinto, apontar o rumo àqueles que se propõem a dar seus primeiros passos em direção à sabedoria.

Um exemplo disso são os profissionais que deixam de atuar em áreas promissoras e que estão alinhadas com seus valores para buscarem melhores salários. Antes de tomar qualquer decisão, veja se será uma mola propulsora para viver a sua visão de futuro. Pergunte-se: O que o meu “eu” do futuro diria para eu fazer hoje?

Para não desperdiçar tempo, é fundamental manter o foco no que vai gerar mais impactos positivos nos seus resultados. Fazer diversas tarefas ao mesmo tempo é possível, mas como será a qualidade final de cada uma delas? É como abraçar alguém e ao mesmo tempo responder e-mails. Você será mais eficiente fazendo uma coisa de cada vez ou as duas juntas? Na realidade, fazer diversas atividades simultaneamente é uma maneira de muitas pessoas sentirem-se produtivas e importantes.

Tome cuidado para não confundir tranqüilidade, baseada em propósito, com acomodação. Em uma passagem do poema “Tempo”, Carlos Drummond de Andrade diz:

“Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.”

Cuide hoje das suas ações porque elas moldarão o seu “eu” do futuro.

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Carlos Cruz é fundador e diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas), primeira instituição no país a dedicar-se à formação de profissionais de vendas e que preenche a lacuna deixada pela inexistência de universidades destinadas exclusivamente à carreira de vendedor. O especialista possui formação específica em Gestão de Planejamento Financeiro, Administração de Empresas, MBA em Gestão Empresarial pela FIA, formação em Dinâmica dos Grupos pela SBDG (Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos), certificação internacional em Coaching pelo ICI - Integrated Coach Institute e pela Lambent do Brasil, sendo membro da International Coaching Community. É Master Practitioner em Programação Neurolinguística e estudou a Hipnose aplicada na Comunicação Corporativa com Sttephen Paul Adler do Instituto Milton Erickson de New York. Participou do Executive Development Programs com foco em Liderança e Mudança na Business School São Paulo for International Management e do Grupo Dirigido de Psicodinâmica Aplicada a Negócios.