Generalistas e Especialistas

Mês passado eu li um artigo no site da HSM que me fez refletir sobre o que o mercado espera das pessoas. Será melhor termos em nossas empresas, pessoas com perfil Generalista ou Especialista?

À princípio, somente ao ler a palavra “generalista”, fui remetida à idéia daquele colaborador “bombril”, o faz-tudo, aquele que se intromete no assunto dos outros setores, que todo mundo preza por sua tamanha prestatividade e agilidade. Convenhamos, para ser assim, algo o motiva e é muito bom ter alguém com tamanha energia perto de nós. Bem, opinião pessoal, claro.

Depois pensei naquele “especialista”, do tipo cada um na sua, mas que se desafiado pode te dar uma aula de cabo a rabo sobre o que ele entende. Uau, eu também a-do-ro este tipo de pessoa perto de mim!

Detected: probleminha bom para exercitar meus queridos neurônios a desenvolverem sobre o tema.

Meu primeiro plano de ação foi consultar o dicionário (já devem ter percebido que faço isto sempre!). Vamos tentar nos aprofundar:

Generalista: “1 Pessoa não especializada, que só tem conhecimentos gerais. 2 Clínico geral que encaminha pacientes a especialistas; internalista policlínico.”

Especialista: “Que, ou quem se dedica com especial cuidado ou exclusivamente a certo estudo ou ramo de sua profissão: Especialista em doenças de coração. sm Profissional especializado.”

Um generalista “só” tem conhecimentos gerais? Isso me pareceu injusto. Acho que o autor do dicionário está um pouco atrasado fora de contexto, precisa de uma reciclagem nova abordagem, com todo respeito.

Concordo parcialmente com quem diz que o generalista sabe um pouco de tudo e não sabe muito de nada, mas isto depende do grau de responsabilidade e da área em que ele atua, logicamente. Tratando-se de executivos, quem realmente almeja crescimento, precisa percorrer um longo e contínuo caminho de aprendizagem durante sua carreira, o que envolve seu interesse e investimento em especializações, aperfeiçoamentos, cursos, etc. Pensem comigo: não é mais coerente um especialista se tornar um bom generalista, do que um generalista se tornar um bom especialista? Confuso? Vou me explicar.

O especialista pode inicialmente dominar o assunto, mas é certo que também carece de outras competências ou habilidades, afinal de contas, nem mesmo o maior especialista do mundo pensa em tudo. A partir disto, dependendo de seu interesse e atitudes, vai se aperfeiçoar de acordo com suas necessidades, carências e vertentes de sua vida profissional. Logo, sua visão estará voltada ao sistema orgânico e não ao específico. Nada mais natural que gerar um profissional generalista sob estas condições.

Muitas empresas ainda não aderiram à idéia, mas uma das práticas mais adotadas para a sinalização e formação adequada do profissional generalista, é o chamado “Job Rotation”. É um programa muito eficaz, desde que muito bem elaborado, afim de deixar explícita a intenção de capacitação e não de algum tipo de promoção e/ou alteração salarial. Qualquer vacilo e a rádio-peão não perdoa, como já sabemos.

Trabalhei em uma empresa multinacional que possuía um programa de Job Rotation muito interessante, por sua simplicidade e capacidade em atingir quase todos os níveis hierárquicos. Tratava-se do “Projeto Sombra”, onde os colaboradores horistas escolhiam um dia de folga no mês para “seguirem” a outro colega de outras áreas ou especialidades. As vagas eram limitadas a 5 por mês, sempre todas preenchidas. Era excelente a satisfação alcançada pelos participantes e deixava palpável os possíveis profissionais de perfil generalista, devido aos bons desempenhos e reincidências. Infelizmente soube que o projeto não existe mais, acredito que por falta de coordenação e acompanhamento por parte do RH.

Um generalista não nasce da noite para o dia. Este é um processo de resultados a médio e longo prazos, portanto, dar sangue novo à equipe com novos e atualizados especialistas jamais deixará de ser extremamente necessário. É um ciclo que sempre se renovará.

Enfim, seguindo esta linha de raciocínio, um generalista é um especialista que não parou de aprender. Então, não seria melhor se a pergunta elaborada no título deste post fosse: “Qual o papel dos Generalistas e Especialistas nas Empresas?”?! Por que sugerir algum tipo de confronto?

Cada etapa alcançada acumula uma nova bagagem que somente o tempo e o aprendizado proporciona. Cada pessoa tem a sua bagagem, sua fase, suas energias, competências, conhecimentos e experiências. A diversidade gera valor, e não o contrário. Resumindo, o que quero dizer é que as organizações não precisam se decidir por um ou outro, precisam de todos juntos!

E para terminar, Peter Senge:

“O futuro das organizações – e nações – dependerá cada vez mais de sua capacidade de aprender coletivamente.”

Uma ótima semana!