Como vai a sua Qualidade de Vida

Hoje eu estou muito feliz pois reencontrei um professor – eu diria mais amigo que professor – da pós. E fiquei ainda mais feliz porque ele se lembrou de mim! Rsrs! :)

Seu nome é René Milazzo, e suas aulas eram sobre Qualidade de Vida. Gente, eu nunca consegui faltar em suas aulas, simplesmente porque ele fazia com que saíssemos da sala de aula nos sentindo pessoas melhores e mais especiais. Sem demagogia, esta é uma pessoa que eu admiro.

René, este post vai pra você! Espero que eu tenha feito a lição de casa que você me passou!

Conceitos sobre Qualidade de Vida

“O tema “Qualidade de Vida (QV)” vem sendo amplamente debatido nas sociedades contemporâneas, permeando todas as áreas do conhecimento e tratado sob os mais diferentes olhares. É certo que abrange múltiplos significados e reflete o saber, as experiências, os valores individuais e coletivos, sendo, portanto, um conceito social e cultural.

Originalmente, o termo “qualidade de vida” foi utilizado com o objetivo de criticar as políticas que estimulavam o crescimento econômico desordenado, causando prejuízos ao meio ambiente e piorando as condições de vida. A boa vida era tida como sinônimo de crescimento econômico e a QV estava diretamente relacionada à aquisição de bens materiais. Aos olhos dos críticos, tratava-se de uma concepção pobre, que desconsiderava a vida humana, distanciando-se do conceito de vida com qualidade como um direito de todos.

Após a Segunda Guerra Mundial, devido à influência da ideologia do utilitarismo e do bem-estar social, as políticas sociais passaram a ser formuladas em termos de “felicidade”, “bem-estar” e “qualidade de vida”. Nesse mesmo período, a Organização Mundial da Saúde (OMS) redefine saúde, incorporando a noção de bem-estar físico, emocional e social e inicia discussões sobre a possibilidade de mensurar o bem-estar.

Em 1960, o presidente Eisenhower inclui Qualidade de Vida como objetivo importante no relatório da Comissão das Metas Nacionais, relacionando-o à educação, ao crescimento individual e econômico, à preocupação com a saúde e ao bem-estar econômico (welfare) dos americanos.

Surgem, então, nos Estados Unidos, movimentos sociais e iniciativas políticas com objetivo de melhorar a vida dos cidadãos, dando início às pesquisas sobre qualidade de vida com a finalidade única de coletar dados para formulação de políticas sociais efetivas.

O conceito foi se ampliando e os seus indicadores também se ampliaram. Aliados às condições de saúde, educação, moradia, transporte, lazer, trabalho incluíram-se também mortalidade infantil, esperança de vida, nível de escolaridade, saneamento básico, níveis de poluição, dentre outros. Esses indicadores foram considerados indicadores objetivos de qualidade de vida.

A evolução do conceito mostrou que esses parâmetros não eram suficientes para medir a qualidade de vida dos indivíduos. Seria necessário avaliar o quanto cada pessoa estava satisfeita ou insatisfeita com a qualidade de sua vida – o que se chamou de qualidade de vida subjetiva, ou seja, só o dono da vida pode fazer um julgamento sobre ela.

Dessa forma o termo QV começa a ser utilizado dentro do campo das pesquisas sociais como um termo amplo relacionado às diversas áreas do conhecimento, como Psicologia, Antropologia, Política, Sociologia, Economia e Medicina.

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Todavia, a utilização cada vez mais freqüente do termo veio acompanhada de um dos maiores desafios – a definição de QV.

No intuito de organizar as várias definições de QV, Farquhar propõe uma taxonomia, que busca identificar os elementos comuns a cada uma delas e os fatores que as influenciam.

Abrams, por exemplo, definiu QV, em termos globais, como sendo “o grau de satisfação ou insatisfação sentido pelas pessoas nos vários aspectos de suas vidas”.

Para Dalkey e Rourke, QV pode ser definida como “a sensação de bem-estar, sua satisfação ou insatisfação com a vida, ou sua felicidade ou infelicidade”.

Outros autores, no entanto, entendem que a felicidade e a satisfação são conceitualmente diferentes, sendo que “a satisfação implica num julgamento ou experiência cognitiva, ao passo que a felicidade sugere uma experiência do sentimento ou afeto”.

Na ausência de um conceito universalmente aceito, alguns pesquisadores argumentam que a maioria das pessoas, principalmente no mundo ocidental, está familiarizada com o termo e tem uma compreensão intuitiva do que ele significa. Todavia, os pesquisadores compartilham a idéia de que QV significa coisas diferentes para diferentes pessoas e assume diferentes significados de acordo com a área de aplicação.”

A importância da Qualidade de Vida para as Pessoas e Empresas

Qualidade de Vida no Trabalho

Delimitado o conceito da QV, vamos à parte prática. Atualmente, muito se discute sobre a importância da Qualidade de Vida, seja ela no âmbito pessoal ou profissional, portanto, fui pesquisar a opinião de especialistas sobre o assunto, e vejam o que eles dizem:

Para Dejours (1994), o trabalhador não chega ao seu local de trabalho como uma máquina nova. Ele possui uma história pessoal, que se caracteriza por certa qualidade de aspirações de seus desejos, de suas motivações, de suas necessidades psicológicas, que integram sua história passada. Isso confere a cada indivíduo características únicas e pessoais.

Para Chiavenato (1996), a Qualidade de Vida no trabalho representa o grau em que os membros da organização são capazes de satisfazer as suas necessidades pessoais através de suas experiências na organização. O mesmo autor ressalta ainda, que as organizações são inventadas pelo homem para se adaptarem às circunstâncias ambientais, a fim de alcançarem objetivos. Se essa adaptação é conseguida e os objetivos são alcançados, então a organização será considerada eficaz. A QVT afeta atitudes pessoais e comportamentais importantes para a produtividade individual, tais como: motivação para o trabalho, adaptabilidade a mudanças no ambiente de trabalho, criatividade e vontade de inovar ou aceitar mudanças. Estas situações dependem dos trabalhadores.

Xavier, no trabalho de Chiavenato (1998), relata que há profissionais que tem os conhecimentos, as habilidades e experiências requeridas pelo trabalho, mas por ignorância destes ou preguiça adotam processos inadequados.

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Vemos nestes poucos exemplos, a preocupação que os autores têm em justificar a relação entre o âmbito pessoal e profissional. Ora, somos seres humanos, nascemos com sistema neurológico e possuímos um histórico individual que nos acompanha. Seria muito bom se todos nós vestíssemos uma personalidade para o trabalho e outra para a vida pessoal, completamente desvinculadas entre si. Mas, será que isto realmente não é possível?

Muitas empresas já adotaram as ferramentas para melhorar a qualidade de vida no trabalho do colaborador, e sim, sou 100% a favor disto. A aplicação de fatores como ergonomia (princípios, dados e métodos projetados a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um sistema), ambiente de trabalho saudável e programas de saúde mental, resulta em redução de custos com afastamentos, aumenta a autoestima e melhora a satisfação do funcionário em trabalhar na empresa. Ponto para os dois.

Porém, estas práticas não são mais consideradas como diferenciais. Estamos falando de pessoas, e a complexidade é grande. Quem sabe de minhas idéias sabe que eu sou a primeira a zelar pelo seu bem. Mas justiça seja feita, a empresa investe e faz a parte dela, e as pessoas, fazem a sua? E pergunto isto a todas, inclusive às que possuem posições de liderança.

Policie-se. Conscientize-se de que todos têm problemas, e procure resolver os seus cada um em seu lugar. Tire a roupa do trabalho e vá para casa. E vice-versa. Não é fácil, isto requer prática, faça a sua parte. Pense: aquele “monstro” de problema é na verdade TRAGÉDIA ou CHATEAÇÃO?

Não seja mais um a prejudicar o SEU próprio meio. A sua qualidade de vida, no trabalho ou em casa, depende muito de SUAS atitudes. Gentileza gera gentileza. Alguém discorda?